quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Absurdo Por Simone Bertrand

Corro diariamente para a minha morte, com alegria e esperança de que  algo belo e desconcertante aconteça e impeça o impossível de acontecer. Corro todos os dias ao mesmo trabalho sinuosamente igual, dia após dia... Normal, lutando para sobreviver. E quando alguém percebe, por um breve momento essa sandice, esse absurdo, dou de ombros e me afasto rapidamente. Não tenho tempo a perder, tenho tanto a fazer... Mas para que mesmo? Essa vida é totalmente fora de propósito... Acho que ficarei agarrada aos pés da cruz... Assim terei algum tipo de alento... Terei? 
Não preciso fazer isso... Mas para que servem os segredos, se não para serem revelados? Para que serve a vida, se não para ser vivida? E depois, bem, depois quem sair por último apague a luz. Quem você acha que vai ficar? Quem você acha que ainda não traiu a alguém ou a si mesmo? E o que muda? Nada! Ainda estaremos fugindo desesperadamente para o fim. E o absurdo é que eu, ele e mesmo você ainda estaremos indo para o mesmo lugar, acreditando nas mesmas idéias que nos fazem aceitar o absurdo, de viver, sempre repetindo a velha ladainha, já amarelada pelo tempo, desgastada, oxidada pelo vento. Queria que pelo menos as palavras continuassem amigas... Mas isso é outra bobagem, palavras não são amigas, simplesmente elas roubam de ti a alegria e a esperança de que algo belo e desconcertante aconteça e impeça o impossível de acontecer.


E no fim, tudo é como uma bela canção... Trilha sonora do desperdício, da corrida absurda junto ao precipício...


Nenhum comentário: