quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Naturalmente Por Simone Bertrand & Mento Leão

Acontece sempre. Ele e sua voz mansa, de boa dicção, às vezes de baixo calão outras não. Vem e vai de maneira suave de mente aberta corrompendo a mediocridade, oxidando as estruturas e por fim se deixando vencer... Cantando pequenas canções esquecidas, pequenos atos de peças perdidas... Em fim ele está aqui ao meu lado. "Tudo o que sempre quis foi tudo" e enquanto ele quiser estarei aqui, pois a liberdade é a melhor droga que alguém pode consumir... Nada mais importa quando se é livre! E mesmo que alguns se percam pelo caminho achando que isso não faz sentido... Paciência, as palavras, hoje não são importantes, apenas sinta os ventos de janeiro, sinta o corpo quente nessas tardes, sinta o suor, sinta o coração acelerado e teu corpo nervoso em espasmos delicados... Sou livre... Sou o creme principal, a dor derradeira, o desejo final.




A sala vazia, o quarto vazio, a vida vazia... Assim, às vezes vejo tudo a minha volta. Será que ainda estarei aqui, quando você voltar? Será que nossas horas irão trazer algum tipo de satisfação? No fundo todas as noite são vazias, todas as camas são vazias, toda a permanência é vazia... Sinto os ventos de janeiro, sinto teu corpo nervoso em espasmos delicados... Será que sou livre? será que sou o medo derradeiro?  E agora? O que virá depois? O que importa? Deixa mensagem na secretária... Apagarei amanhã, quando acordar. Para depois me arrepender e correr de novo ao teu encontro... Não sou mais livre... Não sou mais eterno... Não sou mais tudo o que sempre quis.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Diante do Mar Por Simone Bertrand & Mento Leão

E ela não precisa de mais nada para se fazer entender... Tão jovem a menina e já tão senhora de seu destino. Ele a olhou fixamente... Não tinha nada mais a dizer. Ponto. A noite tudo parece mais simples, mais selvagem... Mais perigoso. Então ela disse: "Agora só faltam as escadas e a cozinha..." O que a vida nos reserva? Será que realmente alguém se preocupa com o que virá amanhã ou depois? Eu não pareço temer nada quando estou ao teu lado, você bem sabe quando olha dentro de meus olhos. Mas não sou doce... Nem tão pouco cereja, não sou rosa... Nem tão pouco lís. Estamos apenas aqui por volta da meia noite brincando de ser feliz.




E As palavras fogem, o ar se torna rarefeito e de súbito um torpor invade o momento. Ela está aqui do lado, posso sentir o coração batendo acelerado... Posso ver o mar e teus olhos velados. Ela não precisa de mais nada para se fazer entender. Ela está pronta...Ela sempre esteve... Agora é partir... simples assim.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Une Poésie Sauvage Por Simone Bertrand & Mento Leão

"Notre corps en sueur sur le plancher ... la poésie comme quelque chose de sauvage 
Et vous, aussi belle et intense ... comme si nous étions sur notre premier voyage"

Tuas marcas em meu corpo serão carregadas para sempre. Disse ele quase em tom de brincadeira. Mas eu sabia que ele estava falando a verdade, ao menos, desta vez.  -  Apenas, não quero mais falar nisso agora, pode ser? Sempre do mesmo jeito, sempre com a mesma distância, apenas em breves momentos consigo alcançá-lo para em seguida perdê-lo novamente... E esse jogo de gato e rato alimenta as almas e a maioria dos pensamentos que nos faz sobreviventes de nossos dias entediantes. As marcas estão por todos os lugares... Relaxe, aproveite... Essas notas dissonantes jamais serão as mesmas depois de "nossos corpos suados espalhados pelo chão... como uma poesia selvagem" estiverem exauridos...


"E você tão bela e intensa, como se estivéssemos em nossa primeira viagem." E quem precisa do sol? Quem precisa das estrelas agora? Apenas você basta, como em uma poesia selvagem... O que mais preciso é o que mais me desgasta.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mentiras por Enquanto by Catherine Dorléac & Mento Leão

Ando cansada, nem ando mais, na verdade. Parei, encostei a verdade. Descansei de tua agradável companhia que me faz de tola todo santo dia. Cansei do meu rosto, de meus olhos te seguindo os passos, te cansando os ouvidos com as mesmas histórias que a muito já contavam os meus pares e eu ainda as repetia... Incansável, insaciável. E quando chegava o dia... Apenas a minha companhia dançando em volta do telefone esperando você chamar. Quer saber? Cansei de ti também, das palavras, do silêncio, do barulho, cansei de ti! Chega! Não quero mais te ouvir... Saber como estás com quem andas, com quem vais para a cama, cansei de te chamar ou esperar dançando em volta do telefone, madrugada a dentro... Esperando, sentindo teu perfume nos cantos do apartamento. Tua voz, da última vez, quase parecia o vento, quase me tirou para dançar na rua, enquanto chovia, enquanto se ouvia sirenes e gritos... Na madrugada fria...Teus passos já não deixam marcas, tudo passa, tudo tem um fim.  Só que cansei por hoje, cansei por ti, cansei de ti... Sei...cansei de mim. 


Fica com tua verdade, então, eu já tenho a minha. Nada mais a dizer, nada mais a fazer. Ante as chamas, hoje, pálidas, só restam escombros, agora, nada mais a erguer. E que os teus dias sejam repletos de dor, de cansaço. Mesmo que por ai, ainda veja tua dileta cor, teu inebriante  perfume... Sei que somos mentira, enquanto amantes, enquanto nota dissonante. Então apenas me deixe ir em paz... Não me fala, não me escreva, não me faz... O que nunca te fiz... Quero apenas descansar, dormir... O sono dos justos. E acordar um pouco menos infeliz... Quem sabe no século XXI em fim!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Alma Faminta Por Simone Bertrand & Mento Leão

Não quero nada, mas quero tudo.
Não crio expectativas, mas espero que aconteça. Ou não...
Fico chateada, mas sinto alívio.
Sorrio, mas fico preocupada.
Não sei o que quero, só sei que quero. 
Gosto do efeito que você tem sobre mim

                                  

"Apenas sei que essa angustia é passageira.
Mas imprescindível ao se caminhar.
Sem ela você não será... Apenas passará."
Ela tem razão a paixão vem da alma...Mas é que as palavras ficam brincando na minha cabeça... Às vezes elas vem rápidas e cintilantes,
Outras vezes elas me fazem de bobo, me tiram do sério... Para depois irem embora como se nada tivesse acontecido. 
Mas ela tem razão a paixão vem da alma... 
Não precisa dizer mais nada... 
Apenas exista! você já preenche a vida, dá sentido as palavras, exala o perfume da saudade,  alimenta esta alma faminta. 

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cafés na Cama Por Catherine Dorléac & Mento Leão

E então, você me promete proteção... Como se eu precisasse encontrar o meu chão, como se eu precisasse  de um novo coração. Afiadas, tuas palavras cortam o frio da madrugada, cortam  também a pessoa amada, mas a ti o que importa? Tu continuas sempre na mesma balada, sempre no mesmo insuportável ritmo de outono. O que você faria se eu realmente acreditasse na tua oferta de proteção? Para onde iria o último menestrel, o último Dom Quixote? Quem haveria de ser teu Sancho Panza? Teu fiel escudeiro? Sei bem o que tu queres... Sei bem a quem tu procuras... E essa não sou eu... Não mais serei eu. Chega! Sou o que sou , vivo pelo que vivo e de ti não quero mais do que me é de direito: Brahms e café da manhã com três ou quatro ovos sem sal e inteiros na caçarola.


E teus cafés da manhã sempre estarão a te esperar. Sem cobranças pelas noites felinas, sem interesse pelos templos divinos, apenas desejando teu bem... Pois assim tem de estar minha musa... Sempre bem! E tu sabes a noite todas as cidades são iguais, todos os gatos são pardos, toda a dor é passageira...Por que, então as palavras  pesam tanto? Por que, então a vida parece ser tão cruel? O que quero de ti? Que sejas forte, que sejas livre e que um dia lembres de mim. Do que foi minha simpatia, do que foram meus cafés da manhã.