segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mentiras por Enquanto by Catherine Dorléac & Mento Leão

Ando cansada, nem ando mais, na verdade. Parei, encostei a verdade. Descansei de tua agradável companhia que me faz de tola todo santo dia. Cansei do meu rosto, de meus olhos te seguindo os passos, te cansando os ouvidos com as mesmas histórias que a muito já contavam os meus pares e eu ainda as repetia... Incansável, insaciável. E quando chegava o dia... Apenas a minha companhia dançando em volta do telefone esperando você chamar. Quer saber? Cansei de ti também, das palavras, do silêncio, do barulho, cansei de ti! Chega! Não quero mais te ouvir... Saber como estás com quem andas, com quem vais para a cama, cansei de te chamar ou esperar dançando em volta do telefone, madrugada a dentro... Esperando, sentindo teu perfume nos cantos do apartamento. Tua voz, da última vez, quase parecia o vento, quase me tirou para dançar na rua, enquanto chovia, enquanto se ouvia sirenes e gritos... Na madrugada fria...Teus passos já não deixam marcas, tudo passa, tudo tem um fim.  Só que cansei por hoje, cansei por ti, cansei de ti... Sei...cansei de mim. 


Fica com tua verdade, então, eu já tenho a minha. Nada mais a dizer, nada mais a fazer. Ante as chamas, hoje, pálidas, só restam escombros, agora, nada mais a erguer. E que os teus dias sejam repletos de dor, de cansaço. Mesmo que por ai, ainda veja tua dileta cor, teu inebriante  perfume... Sei que somos mentira, enquanto amantes, enquanto nota dissonante. Então apenas me deixe ir em paz... Não me fala, não me escreva, não me faz... O que nunca te fiz... Quero apenas descansar, dormir... O sono dos justos. E acordar um pouco menos infeliz... Quem sabe no século XXI em fim!

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