terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cafés na Cama Por Catherine Dorléac & Mento Leão

E então, você me promete proteção... Como se eu precisasse encontrar o meu chão, como se eu precisasse  de um novo coração. Afiadas, tuas palavras cortam o frio da madrugada, cortam  também a pessoa amada, mas a ti o que importa? Tu continuas sempre na mesma balada, sempre no mesmo insuportável ritmo de outono. O que você faria se eu realmente acreditasse na tua oferta de proteção? Para onde iria o último menestrel, o último Dom Quixote? Quem haveria de ser teu Sancho Panza? Teu fiel escudeiro? Sei bem o que tu queres... Sei bem a quem tu procuras... E essa não sou eu... Não mais serei eu. Chega! Sou o que sou , vivo pelo que vivo e de ti não quero mais do que me é de direito: Brahms e café da manhã com três ou quatro ovos sem sal e inteiros na caçarola.


E teus cafés da manhã sempre estarão a te esperar. Sem cobranças pelas noites felinas, sem interesse pelos templos divinos, apenas desejando teu bem... Pois assim tem de estar minha musa... Sempre bem! E tu sabes a noite todas as cidades são iguais, todos os gatos são pardos, toda a dor é passageira...Por que, então as palavras  pesam tanto? Por que, então a vida parece ser tão cruel? O que quero de ti? Que sejas forte, que sejas livre e que um dia lembres de mim. Do que foi minha simpatia, do que foram meus cafés da manhã.

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