sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

SEMPRE HAVERÃO PARTIDAS E CHEGADAS Por Catherine Dorléac & Mento Leão

A dor de milhares de anos... Resumida ali, naquela menina, naquela mulher. As linhas de seu rosto bem marcadas provavam que ela sofrera muito mais que seus anos de vida. Ainda tão nova e tão carregada de símbolos. Gostaria, ela, de ir para a Lua, de visitar as estrelas, ou melhor, de voltar para casa. Cada segundo passado entre aqueles idiotas fazia dela apenas mais um pedaço de carne a venda. Ela tivera seus dias de glória, mas tão menina e já estava provando o sabor do fracasso. A impossibilidade de ser ela mesma, mas ela continuava lutando, continuava tentando. Não haveria outra saída. Ela queria apenas descansar, deixar-se levar pelas águas do rio, voltar para o mar. Voltar para casa. Mas este rio não corre para o mar, esta vida não significa mais nada para eles. Abra bem os olhos, menina... Teus dias, em fim chegarão e então poderás dormir.


A dor de milhares de anos, de todas as putas, de todas as mulheres que não recebem para ir para a cama, mas de tão idiota que é seu companheiro deveriam receber pensão do governo. A dor de milhares de anos, de todas as mulheres traídas, de todas as mulheres mal amadas, de todas as mulheres esquecidas, que apanharam, que foram abandonadas... Chega! Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas” Hoje é o último dia desse verão absurdo... E que a vida nos traga o que há de melhor, pois estamos partindo!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O QUE MAIS...? Por Catherine Dorléac

E teu medo é meu escudo. Não há nada que me faça voltar antes do amanhecer... O mistério que me cerca não é mais nem menos do que eu sou na verdade... O que mais pode ser dito? O que mais pode ser feito. Os dias passam, as horas me afetam, a solidão no meio da multidão me fascina e no fim sou apenas eu mesma comigo mesma...Não, você não saberá, você não viverá para isso... Você me traiu, uma vez, você me traiu outra e mais outra vez... Eu, que me coloquei em tuas mãos, me permiti... Ousei... E você o que fez? Tuas belas palavras estão sempre lá, prontas para seduzir, para corromper os corações puros, as almas perdidas... Vejo que elas servem apenas de alimento para tua fome insaciável, para o teu desejo dionisíaco por celebração, pela ética do prazer absoluto. O que mais... O que virá depois? Vou dormir o sono dos justos... essa noite não há outro lugar onde eu queira estar além da minha cama. Amanhã? Bem, amanhã é outro dia... Vamos a praia... Vamos ver o sol renascer, vamos celebrar...Vamos... O que mais... pode ser feito?

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

TERCEIRA CARTA Por Mento Leão & Catherine Dorléac

Não motivos para comemorações...nossas vidas estão paradas feito automóveis próximos a um acidente. Nossos mundos estão em rota de colisão... Não temos mais forças para enfrentar o nosso dia a dia. As horas, sei bem o que estão nos fazendo. Já não sei o que se passa com meu coração... Já não sei o que se passa com teu coração. Somos afetados pela luz, somos afetados pela escuridão... Não temos escolhas, não temos opção. Tudo em volta esta desmoronando...você não percebe? Fomos um golpe de sorte do destino, um breve deslize dos deuses, que percebendo seu momento de fraqueza, corrigiram-se a tempo. E nós ficamos aqui a beira do caminho... Em frente a imagens distorcidas pela velocidade... Procurando pela paz interior, pelo equilíbrio distante, pela razão ausente... Não, não há motivos para comemorações.



Tenho medo de ti...de tua visão clara e ao mesmo tempo cega... perfurante,  agressivamente desconcertante... Eu, que fechei meus olhos e mergulhei no meio da noite escura... No meio da solidão eterna sem ter certeza de nada, sem saber o destino... Apenas pela possibilidade de ter você ao meu lado... Estou me perdendo... Tenho medo de mim... Mas nada vai me tirar a certeza momentânea da dúvida... O que seria de mim sem ela? Minhas muralhas continuam de pé! Toque sua trombeta... Passe os dias diante de mim com este som monocórdico. Nada é o que parece; não aqui, não está noite. Comece a ter medo, pois eu sei que não há motivos para comemorações, mas também sei que não há motivos para que o meu coração perca a paz !

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

SEGUNDA CARTA Por Mento Leão & Catherine Dorléac

E, então ela chegou de mansinho e disse quero ficar aqui no meu canto, minha cama é meu reino. Chega, parei contigo. Parei... Comigo. Vou dormir o sono dos justos ao menos uma noite, ao menos uma vez na vida. E que meu telefone emudeça que minha boca silencie está noite. As estrelas serão a minha rota, meu plano de sonho, meu plano de fuga. A dor não me alcançará; você não me alcançará... Eles não me alcançarão. Aguarde, vou voltar. E que as horas que tanto mal me faz e os dias que tanto me consomem possam em fim descansar... De mim... Esquecer-se de mim... Está noite quero ser arrebatada, quero ser anunciada, quero ser Maria, quero ser Madalena, está noite quero ser eu mesma... Quero dormir... Apenas!


Eu quero e vou conseguir me livrar de tudo que você representa... Todo o medo, todo o perigo... Que minhas muralhas continuem muralhas...E que pessoas como você fiquem apenas tentando arranhá-las. Não quero as músicas antigas, não quero os versos antigos, não quero amores antigos, não quero os vícios antigos.  Ainda resiste o cigarro, mas mesmo ele tem seus dias de glória contados. Não, não quero mais me entreter, quero a vida e muito mais do que já recebi... quero você... mais uma mentira criada por mim e que é chegada a hora fechar os olhos para nunca mais te ver!

domingo, 19 de dezembro de 2010

PRIMEIRA CARTA Por Mento Leão & Catherine Dorléac

19/12/2010


Haveremos, então de ver através de dois pares de olhos, haveremos de acreditar, sim, que é possível vencer a dor...ela que é companheira inseparável das horas belas e melancólicas... precisa saber que não precisamos mais dela, não hoje, não esta noite... temos vinho, temos a lua... temos as estrelas cadentes, temos o mar e a brisa que vem suave avisar que tudo é possível. E enquanto a canção estiver tocando, a felicidade se fará presente pois essa é a função da música... bálsamo, feito palavras simples, feito saudade, feito a bela da tarde.


Belos pares de olhos, olhos de botão
so conseguimos vencer a dor quando dormirmos... Sim é possivel vencer essa dor que machuca... Mas quando eu escuto aquela musica... me afundo e desapareço como pó, como cinzas de um corpo; aquele corpo que foi jogado no mar.... No meio da lua.
Aquela lua, que vendo a bella se  entristeceu
e chorou... Não, homem dos olhos verdes, estás errado...Aquele vinho era meu sangue, a lua ja estava comigo entristecida... Aquela musica...
quero ser uma linda estrela cadente...
feche os seus olhos e faça um pedido .......

sábado, 18 de dezembro de 2010

TERCEIRA CARTA Por Catherine Dorléac & Mento Leão

15/12/2010

Você nunca me amou, nossas vidas eram vazias sujas de horror, eu era um anjo adormecido. Não aguentava mais suporta tantas mentiras... Todo sonho e pesadelo foi embora,
como a lua cheia que tanto amava, você vai embora... Vou te dizer o que sinto...
Você conseguiu me fazer feliz por muitos anos... Me fez sentir tão bem... Me sentia tão acolhida nos seus braços, seus olhos verdes diziam tanta verdade, você me olhava de dentro pra fora, viu os meus medos agora vou morrer de novo
Vou cortar suas assas, não vai voar... Vai ficar aqui!
vai viver o meu o pesadelo! 
você acabou, com o pouco que tinha de mim... Arrancou o ultimo pedaço do meu coração
agora vou sobreviver assim... 
sempre com medo! 
sempre com medo.
Não tenha medo, vamos nos afogar nesse lago profundo
ele perdia perdão...
Ele não sabia, mas eu era o pesadelo dele... Não sabia o que fazer...
Tinha tanta pena daquela alma, merecia uma chance?
estava adormecida por tanto tempo!!
ele me acorda e me tira o coração, já partido cheio de tanta tristeza, esse homem que dizia que me amava e que o mal não ia mais voltar.
costurei  as assas daquele homem... Ele foi embora quase caindo,
havia amor em mim.. 
vou dormir na lua e lá vou chorar por milhões de anos.
vou fazer companhia para todas as estrelas... para todas as almas que ja se foram como a minha!



E então você diz que vai dormir na lua... .meu anjo adormecido que tem como jornada encontrar os corações perdidos, alimentar as almas solitárias com sua presença. Lembras quando estiveres indo dormir que não mais razão para o medo. Nunca houve... sofrer faz parte da jornada, sem ele não alcançaríamos o nirvana. Sou necessário para ti, tanto quanto uma flor do campo. Você precisa de mim tanto quanto eu preciso de ti...disse ele antes dela partir mais uma vez... fica a saudade e a esperança da volta...ela sempre volta, pois no fundo o porto de sua jornada passa por mim.

SEGUNDA CARTA Por Catherine Dorléac & Mento Leão

15/12/2010

Somos fantasmas, somos maçãs podres, ninguém nos quer!
Somos a escuridão nos olhos dos velhos, somos a noite e frio sombrio,  somos um do outro...
passeando pela rua, vimos monstros se fantasiando de anjos,
você não tinha medo,você me acalmava quando senti medo e me falava queeu iria ver isso varias vezes,
ouvimos gemidos e gritos no meio da noite... isso é normal ...
somos fantasmas, somos diferentes daquelas seres estranhos que Habitam coisa redonda... 
A gente falava mais ninguém nos entendia...você sempre falando da paz, tentou levar a paz e amor para aquele ponto azul chamado terra, mas ninguém te ouvia e eu sempre olhando para o céu. 
Queria volta,sair daquele lugar.. . Cansada de ver tanta gente morrendo, tanto sangue... eu sei somos maças podres somos o pecado... Levamos o pecado para terra? 
Somos os culpados de tudo isso?
Bem, Callado você nunca me deixou lê aquele livro da vida? Por quê?
Você, disse que tinha que aprender sobre a vida...
eu sei sou sua seguidora, temos uma missão aqui... 
mais me deixa por um segundo ir lá em cima, preciso ler aquele livro.
Não fique assustado... eu sei o que é ódio, eu sei o que maldade, mas me deixe por um estante saber a verdade!




Quando tua jornada se completar e teus dias não mais te fizerem mal, quando tuas dores cessarem e teus olhos voltarem a brilhar, como quando da primeira vez que te encontrei desarmada, talvez com medo da noite escura, quando teu coração voltar a bater no ritmo e as palavras forem todas simples,,,você irá ler o livro da vida, na verdade você o terá lido sem perceber, pois é assim que tem de ser. Não somos senhores do tempo, não somos senhores da vida...apenas vivemos com nossas incertezas, com nossas frustrações, com nossas madrugadas, com os gritos e gemidos, com os gozos e decepções... e para todo o sempre.

PRIMEIRA CARTA Por Catherine Dorléac & Mento Leão

 12/12/2010
Você parece ser tão feliz me olhando desse jeito,
mais porque esse vazio dentro do seu peito?
Ele sorria para mim, como um palhaço sorrir para uma criança..
não tinha dúvidas que seu coração era triste e que aquele olhar ... Não era de felicidade e sim de solidão... Estava tão feliz por ter recebido o meu abraço... Me abraçou como se eu fosse um anjo e pudesse salvá-lo. A vida desse homem não era doce, doce como algodão doce... 




Há tempos já parecia agridoce... Levemente, porém doce já não era. Os dias eram apenas exercícios solitários de uma espera dolorosa de tão vazia, inútil por si só.
Aquele homem sempre soube como acabariam seus dias e essa verdade que ele carregava em seus ombros fazia dele oportunistamente alguém diferente. Ele já sabia como tudo acabaria, mas ele não mudava o roteiro... sim ele se tornava o homem mais feliz com meu abraço...simplesmente por que ele sabia que naquele momento eu era quem bastava para salvá-lo. Mesmo que amanhã tudo estivesse parecendo estranho, quase ferindo-o. Sim, ele era habitado pela solidão sepulcral... sim ele era feliz quando eu estava ali... e quando eu não estava também, pois eu sei que significava toda a vida que ainda estava por vir, mesmo sem ele aqui.